Afinal havia outra

O detector de partículas Opera, do CERN: ali foi descoberto neutrino que ultrapassou a velocidade da luz.O detector de partículas Opera, do CERN: ali foi descoberto neutrino que ultrapassou a velocidade da luz

Afinal havia outra “coisa” mais rápida do que a luz. Pelo menos é o que parece, de acordo com os resultados obtidos pelo projeto científico multinacional OPERA, sediado em Itália, e anunciados em setembro passado. A “coisa” em causa são os neutrinos.

Neutrinos são partículas elementares subatómicas de massa muito pequena e sem carga elétrica, e por isso dificilmente detetáveis. Por segundo, de dia e de noite, milhares de milhões de neutrinos provenientes do Sol atravessam o nosso corpo, sem que nada aconteça.

Os neutrinos são produzidos em certas reações nucleares, como aquelas que ocorrem no interior do Sol, em certos decaimentos radioativos, em reações que ocorrem nos reatores nucleares e ainda nas reações que se dão na atmosfera entre raios cósmicos e as partículas do ar. Representam-se, na nomenclatura da Física, com a letra grega minúscula ν (niu). A existência de neutrinos foi proposta em 1930 pelo físico alemão Wolfgang Pauli, sendo provada experimentalmente apenas em 1956 por Clyde Cowen e Frederick Reines, valendo a estes dois físicos o prémio Nobel da Física de 1995.

Se for verdade que os neutrinos se movem a velocidades superiores à da luz significa que a Teoria da Relatividade de Einstein estará incompleta, pois de acordo com ela nada se pode mover mais rapidamente que a luz (aproximadamente 300000 km/s). A comunidade científica reagiu de forma muito cautelosa ao anúncio da pretensa violação da Teoria da Relatividade, e muitos físicos não se coibiram de referir que os resultados anunciados estarão por certo errados. A Teoria da Relatividade tem a seu favor o ser o enunciado científico mais testado de sempre, e de nunca terem sido postas em causa as suas previsões.

Violando ou não a Relatividade os neutrinos estão no centro da área mais promissora da Física, com interesses para a Física Nuclear, Astrofísica e Cosmologia, entre outras áreas. Fica-se, por isso, a aguardar novos desenvolvimentos.

(por Renato Ribeiro)

Sobre Alberto Carreira